quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Murro em ponta de faca: Rio de Janeiro, Santo André e Queimadas

Pois é. Mais uma imbecilidade cometida por um homem, só que agora no Carnaval do Rio de Janeiro. Uma mulher de 21anos que fugiu do assédio e de uma tentativa de beijo forçado leva um tiro na cabeça de um agora, fugitivo da polícia. Ana Elizabeth de Oliveira, guardem esse nome, não resistiu, está morta.
Pois é. A polícia só tem um retrato falado, pois as dezenas de pessoas à volta não tiveram nenhuma reação. Mais um criminoso solto, mais uma barbaridade cometida contra uma mulher, contra um ser humano.

Na verdade percebe-se que as pessoas não tem mais noção de certo ou errado. Eu mesma não! Tive educação suficiente para saber o que é certo e errado, e também para respeitar os cidadãos que vivem comigo. Posso dizer isso e me orgulhar da mulher, com 'eme' maísculo se preferirem, que me educou para ser uma pessoa boa e honesta; minha mãe. Não posso esquecer das minhas tias e de minha avó. Todas vivas para verem que me tornei uma boa pessoa, seguindo os ensinamentos que vem do berço, de quando ainda usava fraldas. Não agrido ninguém, não saio por ai atirando, matando ou roubando beijos de quem quer que seja.

A banalização da violência faz parte do cotidiano da população mundial. Parece não haver mais escapatória. A Promotora Daniela Hashimoto usou um termo que me marcou em relação aos crimes cometidos contra as mulheres e em especial da adolescente Eloá Pimentel (morta com 15 anos). Ela tratou como "coisificação" a relação mulher e sociedade. Mulher como objeto, como animal, como propriedade.
Recentemente o caso foi julgado e encerrado com a condenação de Lindemberg Alves dos Santos, paraibano da cidade de Patos, a quase 100 anos de cadeia. Claro que ele não aguentará nem os 98 anos e 10 meses impostos de prisão. Mas, dificilmente sairá da cadeia em liberdade condicional.


Praticamente quando se punia um caso outro escandaloso ato de violência era cometido em Queimadas, cidade próxima à Campina Grande (PB), onde moro há 4 anos. Alguns moleques 'muito espertos' resolveram comemorar o aniversário de um deles em uma festa regada a comida, bebida e estupro. Seis mulheres estupradas e duas mortas por reconhecerem seus agressores como amigos e membros da própria família. Hoje estão todos presos. Com certeza terão julgamento digno dos crimes que cometeram, dentro e fora da cadeia.


Parece que não basta uma lei. O avanço da Lei Maria da Penha (nº 11.340 de 07/08/2006) é notavel. Mas, um monte de Capítulos, Incisos e Parágrafos não estão salvando nossas mulheres, mães, tias, primas, irmãs e até avós. Como vamos lidar com tanta violência é o que nos movimenta a refletir.

O que me movimenta a escrever e a falar disso tudo, dessa violência toda é a dor de ser mulher numa época em que o respeito a nós é regrado pelas leis da Idade Média. Faltam apenas as fogueiras e forcas, porque a violência sexual e as agressões, essas temos de sobra todos os dias nas redes de televisão, expostas com a maior naturalidade.

Precisamos repensar a família, as escolas, a pobreza social, a falta de educação que hoje vem de dentro de casa. Eu tenho medo de ser mulher. Tenho medo da violência que nos é imposta. Fica apenas meu desabafo.

Saudações feministas,

Carol Cavalcanti




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